Querido Desconhecido,
Eu me entreguei. Afoguei-me nas lágrimas das lâminas, afoguei-me nos teus ditos que têm tanto de lindos e tanto de crus: partiram-me em mil pedaços, tão crus pedaços... E agora nada posso além de te entregá-los junto com palavras minhas, imaturas minhas, que tremem ao sair junto da fumaça dos meus pobres lábios; pintei-os com o vermelho das lágrimas, meu querido, e agora nada penso em fazer.
Amo tuas mãos, aquelas que esculpem e moldam as letras em qualquer ar, em qualquer estação; e se calejam umas nas outras, sem medo de um ferimento ainda maior. Mãos de escultor, coração de pedra: a única que não consegue tocar, a única pela qual ainda escorre um tanto mais de meu rubro.
Oh, desconhecido, como pôde matar-me por dias com essas lâminas afiadas? Como pode sussurrá-las ao meu ouvido durante a noite, perturbando meu pouco sono e impedindo-me de pigarrear o que se restou da minha garganta a dentro? Como faria eu para não assassinar um dia após outro? Como não tremeria ao temer teus cabelos e olhar embaraçados?
Asfixio-me em papéis, não mais em lenços, esperando que a chuva me lave o teu cheiro do corpo e a loucura de tentar encontrar entre os embaralhos das letras as palavras que nunca encontrei. Penso nos sons que não sei emitir, fico a escrever meus tão magros e secos pensamentos, pondo minhas mãos para dentro da água congelante que é teu corpo.
Que é que faço agora? Meu amar não passa de um passatempo, uma desculpa para continuar cedendo ao brilho metalizado, tendo a boca úmida e olhos petrificados.
Hipnotizo-me. Hipnotizas-me. E qualquer cama é pequena demais para mim.
Aflição.
muito bom. me sinto invadindo a casa de alguém, lendo coisas escondidas. satisfaz minhas vontades delinquentes.
ResponderExcluirnão conta pra ninguém que eu li.
oi amei seu cantinho..
ResponderExcluiramei o texto tmb..to te convidando a visitar o meu
se gostar e quizer seguir..saberei retriburi..bjss
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