domingo, 8 de agosto de 2010

Inventarte

Querido Desconhecido,

Sequer sei por que te chamo de querido; ainda mal sei o que ainda é querer...
Sinto essas vozes passando em branco por mim por todos os dias, desde que percebi que a volta precisa ter ido uma vez; mas que nem sempre a ida tem uma volta.
Será que há outro cheiro que essa música me traria? Será que nunca mais poderei sentir meu perfume sem me lembrar de ti?
Não posso mais me arrepiar com teu sopro em meus lábios, não posso mais te inventar os pensamentos, já que meus desejos não se fazem de tuas vontades, assim como as minhas não fazem tuas intenções.
Então escondo o rosto entre os joelhos, tentando fugir do teu rosto que se planta nas paredes à minha frente; retorço dedos dos pés e acabo imaginando de quem seriam as roupas que poderiam estar espalhadas pelo chão do teu quarto.
Na verdade, são espalhadas essas cartas curtas, curtas, certas e precisas: não esperam nada de volta; preocupam-se em vomitar monólogos afiados que perfurariam corações sem direito de resposta.
Meus soluços me atentam ao nublado lá fora: esquecera de notar a chuva que há pouco começou a espernear asfalto abaixo: como queria, o mundo acabou... mas não como imaginei.

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