Querido Desconhecido,
O vazio que tanto temes sobrevoa nossas cabeças, atreve-se a mudar de cor e calor; a se fazer chuvoso ou fresco
Ouso falar-te sobre uma terceira eu entre nós; ouso fazer dela quem quer que seja.
Não sei de que ou de quem são feitos seus olhos, mas sei que de antigos amores herdou o café sem açúcar e o frio no peito; por eles, sucumbiu ao vício por palavras mudas; a eles cedeu os nada pontuais beijos.
Esta tarde cruzou o céu nublado por debaixo dos braços e tossiu para si algumas verdades pigarreadas, viveu a devolver o que é seu; a não engolir o que mastigou.
Soluçou por muitos olhares doloridos, perdeu-se por demais esperar.
Agora adora a distância, observa pela janela os pedacinhos dos amores que permitiu deixarem para trás todo seu querer.
Desliza palavras de forma mais doce, enrola em papel fino alguns pretextos para fazê-las tocar em lábios de outrem.
Mas parece que se perdem no ar, fumaça; desfazem-se por dentre os dedos. Tabaco. Assim como eu. Assim como tu.
Tua aflição.
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